23/04/2009

INEXISTENTES PALAVRAS

ஜॐ♥ C ♥ॐஜ

Estavam lá, olhando pela janela do quinto andar. Ela olhando o mar à sua frente, lá embaixo, inquieto, revolto. Enquanto ela permanecia ali, tranqüila, inundada de um prazer continuado. A boa sensação de sentir a brisa lhe tocando e os olhos dele lhe queimando a face. Ele permanecia lá, imóvel... olhando-a com um sorriso bobo de quem observa um troféu. Menino que ganhou no jogo de bolinhas de gude. Que mostrou ser capaz e merecedor da vitória. Não havia palavras. Só as sensações do momento. Ele a olhava e sorria. Ela sentia seus olhos e sorria. E no sorriso traduziam tudo o que havia se dado nas horas que se passaram logo ali, naquele quarto de hotel.

Ela lembrava-se daquele mesmo sorriso que lhe aquecia a nuca quando ela passava todos os dias pela manhã a caminho do elevador, seguindo para o escritório como costumeiramente fazia. Ele lhe chamara atenção desde a primeira vez. Mas cabia a ela fazer de conta que era só mais um dos muitos que trabalhavam ali, assim como ela.

Alto, magro, carismático. Não era mais uma criança, um homem feito... mais de quarenta talvez. Um charme. Devia olhar assim pra todas. E todas deviam encher-se de orgulho de si mesmas por serem vistas por ele. E ela seguia caminho pro seu cotidiano.

Ele encarava-a ali, naquela sacada, ainda evitando olhar pra ele, como fizera por tantos e tantos dias no escritório. Ele a via passar, enquanto parava pra uma palavrinha com algum conhecido, antes de subir para o seu escritório. Era pequena, graciosa, dona de olhos fortes e de um olhar provocante... firme. Lembra de ela ter olhado bem dentro dos seus olhos, e numa fração de segundos, fazer de conta q ele não estava lá. Seguiu-a com os olhos, acompanhando o rebolar manso daquele corpo minhon e um desejo repentino lhe invadiu a alma. Mas riu-se de si mesmo e seguiu para seus cuidados do dia.

Nos dias que se seguiram ele notou-se inquieto, sim... Esperava a passagem dela. E no outro dia e no outro também. Viu-se chegando cedo pra não ter perigo de perder a ‘passagem’ dela. Aquela inquietação tomava conta dele. Um homem feito, com ímpetos adolescentes? Desejo que conquista? É, ele era um conquistador e ela era uma nova conquista. Dane-se! Ele a queria. Tomou a decisão: Ela seria sua!

Daquela decisão a este momento presente passaram-se meses de investidas silenciosas nos olhares, pequenas conversas no elevador, aquele olhar que esquentava a nuca... e algumas investidas não tão sutis assim.

Algo mudara. Era uma conquista, ou não? Havia mais alguma coisa naquela mulher que o fascinara. Fora difícil? Sim, mas ele já tinha visto isso outras vezes. Era parte do jogo. Mas e essa sensação de plenitude? Esse desejo de não parar de olhá-la? Adora sim ele parecia um adolescente. Sentia algo diferente naquele jogo, porque já não se importava de ganhar ou perder. Sentia uma vontade imensa de ficar alí, olhando o rosto dela, imaginando o que aquela cabecinha de mulher decida pensava. Divertia-se com a resistência dela em não olhar pra ele, como se em uma única olhadela, ele pudesse ler todos os seus pensamentos mais profundos naquele momento tão íntimo.

Ele lembrava de como não fora fácil reter a atenção dela. E por vezes pensava como uma ela podia resistir tanto tempo aos seus encatadores préstimos de 'macho caçador'. Riu-se só de pensar nisso. Além dos olhares, dos risos, dos 'bom-dias' tão charmosos e recheados de intenções. Partiu pra segunda parte da investida: Descobrir o andar no qual ela trabalhava, o telefone e, como homem decidido que era na verdade, ligar pra ela.

Pra ela foi uma surpresa. A ligação, sem desculpas esfarrapadas, sem muitos rodeios... apenas um convite pra almoçar, que ela decidiu aceitar. Ao finalizar a ligação um frisson tomou conta dela. Ele realmente estava interessado a ponto de descobrir o telefone dela? Ali, no escritório? Bom, na verdade não era algo tão difícil. Certamente os rapazes da portaria o haviam ajudado. Típico de homens. Mas o que aquele homem charmoso queria depois de tantos dias de tentativas frustradas? Ele queria o que todos os homens queriam, era óbvio. Mas ela tinha uma certeza: Ele era muito desejável. Tudo aquilo, até aquele momento da ligação mostrava-o tão atraente e fascinante. Esse almoço seria realmente revelador!

E aquele sorriso tomava conta dos dois! Aquele sorriso que fica entre o desejo e o sonho!

...Continua